terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Devaneios, perdas e desassossegos...

O que fazer quando parece que já se cruzou a linha final? Como continuar tendo forças para dar o último passo? E o medo da dor?
Pegar as roupas, buscar apartamento, encaixotar o restante, pegar a gata, mudar...
Caminhão de mudança, desmontar os móveis, chorar...
Mudar de destino e de direção, tormar fôlego...

Não saber o rumo do fazer, perder o fio da meada, perder a identidade, voltar a ser um só.
Saber ficar só, suportar estar só, suportar a dor, perder, suportar... Ainda...
Implorar por amigos, não encontrar repouso, ter que continuar existindo mesmo sem... Ainda que...

Matar o que ainda viceja e pede volta.
Ouvir o grito de socorro.
Não acreditar.

Não acreditar no que foi, no que fez pegada e não volta. Machucado sem remendo.
Estar no escuro, escrever sem pensar... permanecer...
Refazer casa e colina. Retomar horizontes.

Movimentar mesmo querendo ficar parada, esperando sei lá o quê.
Não dormir.

Sentir aperto no peito e saber que já foi.
Cuidar da gata e ser cuidada por ela.
Pedir carinho de mãe.
Colo.

Medo.

Estar só. Reatualizar-se na solidão.
Ritualizar.

Café da manhã, escrita e o corpo que grita.
Vontade de dormir, de não estar, de me abandonar.
A falta de saída, a mudança, o caminhão, o corpo...

O que não tem vazão, só vazamento.
Meu afeto vazando escada abaixo.

A rua, o medo, o que fica para trás.
Palavra calada, costura desfeita, o fiapo.

O gosto ocre na boca. os pés no chão, a perna bamba.
Eu, esqueleto de mim, fio sem músculo, mala furada.

O abandono.
Partir.
Parar de ti.

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