terça-feira, 19 de julho de 2011

“Uma única folha desprendeu-se do olmo na esquina e, em meio a pausa e silêncio total, caiu. De algum modo, foi como se caísse um sinal, um sinal que apontasse para uma força nas coisas que havia passado despercebida. Pareceu apontar para um rio que corria, invisível, do outro lado da esquina, descendo a rua, e que levava as pessoas e as girava em redemoinhos...

Nesse ponto, escutei, toda ouvidos, não exatamente o que estava sendo dito, mas o murmúrio ou correnteza por trás. Sim, era isso — ali estava a mudança. Antes da guerra, num almoço como esse, as pessoas diriam precisamente as mesmas coisas, mas elas teriam soado diferente, pois, naqueles dias, eram acompanhadas de uma espécie de cantarolar, não articulado, mas musical, excitante, que alterava o valor das próprias palavras. Seria possível pôr em palavras aquele cantarolar? Talvez sim, com a ajuda dos poetas”.


Virgínia Woolf

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